Saúde Animal

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Doenças Nutricionais em Primatas




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macaco_cativeiroAs doenças nutricionais são as patologias não infecciosas mais comuns em primatas mantidos em cativeiro. Doença ósseo metabólica e deficiência de micro-nutrientes têm sido descritas e ainda são questões de saúde importantes em primatas mantidos como pet em condições de manejo insatisfatórias.

A deficiência de calorias é muito comum em animais recém adquiridos. Depois de recebido, o proprietário ou criador formula uma dieta variada com frutas, verduras, legumes, dentre outros ingredientes. Com o passar dos dias ele percebe que o animal prefere as uvas, melões, bananas, etc. O proprietário passa então a oferecer uma mistura de frutas e verduras rica em água e pobres em calorias. Uma inevitável crise calórica se inicia em poucos meses ou logo após todas as reservas energéticas do animal serem utilizadas. O diagnóstico é obtido através da anamnese, hipoglicemia, cetonúria, emaciação, e atitude depressiva.

Uma dieta com 3 a 5% de gordura parece ser adequada para garantir uma quantidade suficiente de carboidratos como fonte de energia. O excesso de gordura poderá ocasionar diarréia e, a longo prazo, interferir no metabolismo de cálcio, selênio, ferro, e vitamina E.

O nível de proteína exigido pelos macacos do velho mundo é de 15%, e de 25% para os do novo mundo. A deficiência de proteína resulta em perda de peso e baixa resistência às doenças infecciosas.

Entrando agora na área das vitaminas, podemos iniciar pela vitamina A. A falta de vitamina A ou hipovitaminose A pode interferir no crescimento, provocar perda de visão noturna devido ao dano na retina e ceratite, dermatite, infecções secundárias, pele seca, pêlos alterados e defeitos ao nascimento. A falta de tiamina (B1), o que não é comum, causa uma síndrome caracterizada por enterite, dilatação do ventrículo direito provocando insuficiência cardíaca, emaciação, dentre outros. É mais observada em primatas alimentados com alta quantidade de frutas e vegetais, sendo mais freqüente em animais pequenos. Um nível inadequado de cianocobalamina (B12) provoca anemia macrocítica, pêlos frágeis, secos, depressão, desmielinização ou degeneração neural, e ataxia podem estar associados a esta deficiência. Rações comerciais para primatas auxiliam na suplementação vitamínica, portanto atuando preventivamente. A deficiência de riboflavina (B2) promove retardo no crescimento, anemia, incoordenação motora em animais jovens, dermatites, alopecia, glossite, interferência no ciclo estral, e atrofia testicular. Hiperqueratose, glossite, enterite, depressão, e morte podem ser observadas deficiência de niacina. Podemos observar anemia hipocrômica, dermatite, hepatopatia evoluindo para cirrose, cáries, arteriosclerose, infertilidade, mal formação em neonatos, e convulsões na ingestão inadequada de piridoxina (B6). Na deficiência de ácido pantotênico, os animais podem apresentar dermatites, perda de peso, irritabilidade, e convulsão. Enterite, anemia macrocítica, e anemia megaloblástica são achados nos primatas com deficiência de ácido fólico; enquanto que na deficiência de biotina os indivíduos apresentam alopecia, dermatite, emaciação, irritabilidade pronunciada, e morte.

Alguns animais são trazidos ao médico veterinário com hemorragia gengival, diarréia, deficiência na mineralização dos ossos, hemorragia subcutânea e intramuscular, e perda dos dentes. Após exame clínico minucioso e descartando outras patologias com sintomatologia compatível, a falta de vitamina C (escorbuto) pode ser confirmada. Diagnóstico diferencial também é necessário em animais com histórico de deficiência ou dificuldade em calcificar os ossos de forma adequada. O raquitismo pode ser observado em animais jovens (30 a 60 dias), sendo que ao exame radiográfico é constatado a calcificação inadequada dos ossos. Os agentes incriminados nesta patologia podem ser a falta de vitamina D, deficiência na oferta de minerais como o cálcio, sendo que este deve estar em equilíbrio (2:1) com fósforo. Iodo, zinco, cobre, e vitamina E também devem sempre ser lembrados em animais debilitados ou que são alimentados inadequadamente.

Artigo originalmente publicado no site da Animal Exótico

ALEXANDRE PESSOA
MÉDICO VETERINÁRIO DE ANIMAIS EXÓTICOS
CRMV/SP: 8621 FONE: 9911-2330